terça-feira, 20 de julho de 2010

Morangos

Nem quilos de açúcar poderiam adoçar esses morangos podres que eu mastigo, nem quilos. Uma infinidade de morangos, morangos verde-brancos, cor de mofo, mofados. O cheiro não poderia ser outro, de podridão, me dá repulsas, é.
Eu amasso eles e nem assim consigo fazê-los desaparecerem, amasso, amasso no copo e eles continuam ali - apesar de quase líquidos - espalhando seu 'odor' pela casa. É triste ver que esses morangos apodreceram, que poderiam estar ali vermelhos, que eu poderia comê-los sem me preocupar, que eu poderia engolí-los sem pensar em reações adversas.
Não, simplesmente esses morangos tiveram que ficar ali, pois eu preferi deixá-los de lado, preferi crer no que eu achava que existia, e como sempre cuido demais acabei me enganando. Foram assim, centenas de morangos, centenas e centenas de copos cheios deles, faltavam-me copos, coloquei-os em pratos, e o líquido deles sendo amassados por mim só aumentava, e pra mim isso tudo tem um nexo.
Tentar esquecer dos morangos, tentar tampar o nariz para não sentir o cheiro, tentar não olhar para os copos, ou até mesmo fechar os olhos para não querer esmagá-los.
Os morangos mofados são tuas desculpas, tuas traições. Os morangos bons são as coisas que ainda acredito existirem em você, mas o tempo está passando, e eles estão ali, parados na mesa...mofando...mofando...mofando.