segunda-feira, 28 de março de 2011

Muro.

Sentia-se violada. Como se algo que pertencesse somente ao seu ego tivesse sumido, não por decisão sua, mas por sequestro. Foi assassinado. Aquela parte íntegra e indivísivel tinha sido morta. Onde estavam suas mãos? E o controle que tinha anteriormente? Onde estavam seus braços se não atados às imperfeições? Ela simplesmente não se aceitava, não assim como era, mas somente do jeito que planejava. Era um roll taxativo de adjetivos, verbos esperando complementos. Não, não era assim tão feia, mas deixava-se levar pelo descuido, pela imperícia com seus cabelos, sua face. Era extremamente desajeitada, por vezes grossa, mas ela sabia o motivo - aliás, todos sabiam. Inclusive eu.
Era muito fácil analisar aquela personalidade. Frágil, influenciável, moldável e indubitávelmente questionavel. Largaria uma palavra em uma conversa, definindo praticamente todas suas intenções, verdades, mentiras, medos, fragilidades.
"Não sei."
A única coisa de valor que ela possuía era o muro. O muro no qual eu pixei, eu escrevi, eu derrubei. Em um lugar onde todos tratam com pena indivíduos "ensaboados", para mim, o mundo não dá espaço para posicionamentos imparciais. Insisto em acreditar nas potencialidades das pessoas, mas o mundo é tão cruel que existem algumas que ficarão ali, presas, um dia, em seu próprio muro.

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