Um dia sem você

Acordo, olho para o lado e não vejo você. Levanto com uma certa saudade, ouço minha mãe me chamar, calço meus chinelos, sinto o frio me percorrendo inteira, não sinto o teu beijo de bom dia e não vejo a sua cara de sono que me cativa tanto.
Me desloco até o banheiro, observo meu rosto.
- Cara de bunda, hein?
A água fria que eu coloco em minhas mãos serve de ajuda para acordar, a toalha seca o rosto e é a primeira coisa que acaba por me tocar de manhã. Uma toalha, amarela e sem o seu cheiro.
Volto ao meu quarto, demoro a escolher minha roupa, talvez eu lhe veja e preciso estar apresentável ao menos. Termino de me arrumar. Me desloco até a cozinha após vários gritos.
- VEM PRO CAFÉ DANIELA, TÁ NA HORA! JÁ ACORDOU?
- JÁÁÁÁ VOU MÃE CALMA AÍ, TO NO BANHEIRO!
Tomo meu café ao som de uma conversa chata pela manhã e eu desejaria que você estivesse falando comigo, me desejando bom dia, indo comigo pra mais um dia, mas você não está ali.
Pego minha mochila, coloco os livros que estão faltando, jogo os lápis e as canetas que estavam por cima da mesa, digo:
- VAMOS MÃE, JÁ DESPERTOU PRAS 7:15!
Desço pra esperar minha mãe terminar de se arrumar, sinto o vento frio me tocando e mais uma vez sinto falta de você, o toque que eu queria não era do vento, era o seu, quente e macio.
Entro no carro, fico sentada olhando para minha aliança, beijo ela e penso em você, falo seu nome baixinho, te desejo um bom dia mesmo sem saber, digo que te amo, mesmo sem ouvir.
O carro vai seguindo até o colégio, que não era o que eu queria, pois antes eu pelo menos passava essas 4 horas de chatice na sua companhia, passava meus intervalos conversando com você, me abraçando em você, rindo com você, tudo com você. Passo essas horas no vácuo, ouço conversas idiotas, vejo casais e sinto inveja, inveja por não poder ter você naquele mesmo instante, por não poder ter você todo instante.
O intervalo vem e aquelas mesmas pessoas, chatas, medíocres, hipócritas falam comigo e mais uma vez, eu sinto saudade de você.
Mais 3 períodos de estresse e finalmente chega a hora do almoço, mais uma vez eu queria estar olhando pra você. Almoço muitas vezes sozinha, outras em locais públicos, mas quase sempre sozinha, se não, sempre com você.
A espera mais prazerosa, são aqueles 15 minutos que espero na rampa do teu colégio, esperando ver você descendo e vindo ao meu encontro, sentindo o abraço, o beijo, o carinho que eu esperei horas para receber.
E esse é um dos motivos de eu sentir tanta falta de você.